Editora: Ática ISBN: 9788508126651
Ano: 2009 Páginas: 256
Para Clay Jensen, as fitas cassete gravadas por Hannah Baker não têm nada a ver com ele. Hannah está morta. E seus segredos devem ser enterrados com ela. Só que a voz de Hannah diz a Clay que o nome dele está em uma das histórias dessas fitas – e que ele, de alguma maneira, é responsável por sua morte. Tomado por espanto, angústia e muito medo, Clay permanece escutando as gravações madrugada afora. Ele segue as palavras de Hannah pelas silenciosas ruas de sua cidade... ... e o que ele descobre, muda sua vida para sempre.
O que era para ser só mais
um dia normal, acaba se transformando no dia que mudou tudo na vida de Clay
Jensen, que encontra uma caixa misteriosa na porta da sua casa, sem remetente,
sem identificação. Ao abri-la, vê apenas sete fitas cassetes marcadas com ‘A’ e
‘B’ em cada lado. Curioso para saber do que se trata, decide ouvi-las, e se
assusta ao perceber que, a voz do outro lado, é a voz de Hannah Baker – colega
de classe que tinha se suicidado há duas semanas – e ela está lá para contar os
treze motivos que a levaram a se matar. Agora, Clay ouvirá fita por fita até
descobrir qual sua contribuição para o suicídio da colega, e acaba descobrindo
bem mais do que gostaria.
“— E
aí, o que tá pegando, Clay?
Repito suas palavras dentro da minha cabeça. O que tá
pegando? O que tá pegando? Ah, já que você perguntou, recebi um pacote de fitas
cassete pelo correio hoje, de uma garota que se matou. Parece que eu tive
alguma coisa a ver com isso. Não tenho certeza que coisa é essa, por isso
fiquei imaginando se poderia pegar seu walkman emprestado para descobrir. —
Nada demais — respondo.”
Ok, eu li esse livro há um tempo, mas só
consegui escrever agora por dois motivos. Um deles é a escola. O outro – e o
que é realmente relacionado ao livro – é que esse livro precisa de um tempo pra
ser digerido. Depois que acabei de lê-lo, fiquei um tempo sem saber o que
fazer, além de, por um lado, ter me sentido como se tivesse falhado em alguma
coisa, e vocês vão entender o porquê.
Só para começar, Hannah é uma personagem
incrível, cheia de sentimento e reflexões. Na maior parte do tempo, eu me
esquecia de que ela já estava morta, e, quando eu lembrava, era horrível. Os
comentários dela – que carregavam bastante humor negro e sarcasmo – nos
lembrava o tempo todo do que tinha acontecido com ela.
“Eu prometo. Afinal, uma garota morta não mentiria.
Espera aí! Isso está parecendo uma piada.
Por que uma garota morta não mentiria?
Resposta: porque ela não pode mais falar!”
Clay é outra personagem apaixonante, mas é uma pena que ele tenha que
sofrer tanto. Sinceramente, queria que ele existisse de verdade e que fosse meu
amigo. Ele é uma pessoa tão... Tão boa e pura de um jeito estranho. E seu jeito
de contar as coisas é diferente, não sei, mas não dá para não gostar de Clay.
Como a própria Hannah diz, ele é o tipo de pessoa que nos instiga a procurar
algum defeito, porque ninguém pode ser tão perfeito.
Quanto
aos outros personagens, não posso dizer muito sobre eles. Na minha opinião,
algumas coisas que eles fizeram, foram infantis, impensadas e egoístas. Mas não
posso basear toda minha opinião sobre eles com os relatos de Hannah, uma vez
que só vemos a perspectiva dela, não temos a história dos dois lados, a não ser
no caso de Clay.
O livro
é cativante e cheio de suspense, o que o torna impossível de ser largado antes
de ler a última página. Mesmo depois de descobrir todos os motivos, me senti
numa necessidade louca de descobrir como Clay estaria depois de descobrir sua
contribuição com o suicídio. É mais do que lógico que uma coisa dessas mudaria
a vida de todos que ouvissem, e até agora fico repensando a ação de Hannah. Não
só o suicídio em si, essa é outra coisa que vou comentar mais tarde, mas as
fitas. Nelas, podemos ver o quão importantes somos na vida dos outros, e como
as ações dos outros refletem nas nossas ações. Como tudo pode virar uma bola de
neve incontrolável, e como uma coisa que fizemos, pode ser a gota d’água para
alguém. As fitas foram um bom jeito de
todos que a receberam perceberem isso, de abrirem os olhos para o que estava em
volta deles. Mas, sinceramente, acho que tudo podia ter sido feito de outro
jeito, e não consigo decidir se acho a ação de Hannah certa ou errada. Talvez não
exista certo ou errado nessa situação.
Esse
livro passa uma grande lição para nós, e devia ser lido por todos. Depois de
ler o livro, comecei a tentar prestar mais atenção nos outros, prestar atenção
no que eu mesma fazia. Acho que, a maioria das pessoas que o leu, começou a se
perguntar: será que isso que estou fazendo vai resultar em algo maior? Não que devemos nos
prender nas nossas ações, nos prendermos, ficarmos fissurados no futuro. Mas
realmente repensar nossos atos, o que estamos fazendo, o que podemos fazer
melhor. Me senti uma pessoa um pouco melhor depois de Os 13 Porquês, como se
pudesse mudar o rumo de alguma coisa só por pensar um pouco mais antes de fazer
qualquer coisa. Com certeza, as fitas me atingiram também.
“E quando estragam uma parte da
vida de uma pessoa, não estão estragando apenas aquela parte. Infelizmente, não
da para ser tão preciso ou seletivo. Quando você estraga parte da vida de
alguém, você estraga a vida toda dessa pessoa.”
Vou dizer o motivo do porquê eu achar que
falhei: Hannah se suicidou. Ela fez aquilo, e me perguntava por que não fiz
nada para impedir, mesmo sabendo que nunca ocorreria, me esquecendo de que ela
era uma personagem de um livro que eu estava lendo, nada mais, mesmo parecendo
ser bem diferente. Durante todo o livro, me sentia uma personagem acompanhando
tudo, e sentia como se não tivesse feito nada proativo. Queria ter podido
salvar Hannah, voltar no tempo e pedir para ela não engolir as pílulas. O livro
passa uma certa sensação de sufoco quando o leitor percebe que não pode fazer
mais nada para mudar o rumo das coisas.
“Você não pode interromper o futuro, nem modificar o passado. O único jeito
de descobrir este segredo é apertando play.”
O tema
suicídio é tratado sem sutileza nenhuma, como dizem, é um tapa na cara da
sociedade, o que foi levemente ousado da parte do autor, já que muitos preferem
fazer vista grossa em relação a esse assunto, e fingir que não está lá. Mas ele
precisa ser falado. Todos precisam entender mais sobre isso, saber lidar, não
fazer piada. Em vários momentos, me identifiquei muito com ela, com suas
reflexões e questionamentos, e não sabia se devia me assustar ou não. Fiquei
até com medo de algum dia ficar com ela, chegar até certo ponto em que eu não
consiga mais falar sobre mim mesma e meus problemas para os outros, para ver se
tudo é amenizado. Porque, apesar de tudo, esse é o maior conflito: a
comunicação. Hannah estava desesperada, não se sentia compreendida e, apesar de
achar que estava gritando seus problemas para o mundo, não conseguia falar nada
com ninguém, e ninguém fazia o mínimo esforço para perceber. Talvez, se
tivessem prestado mais atenção, as coisas realmente não teriam acontecido. Não
estava na cara, mas estava lá, e era óbvio que ela precisava de ajuda.
Vi, em
muitas resenhas, pessoas com raiva de Hannah, dizendo que ela fez tempestade
num copo d’água, que ela fez errado. Não estou aqui para julgar a opinião dos
outros, o que Hannah fez, nem para dizer se ela poderia pedir mais ajuda ou
não, mas ela estava desesperada e perdida, sem saber mais o que fazer, nem a
quem recorrer. Estava tão desgastada, que não tinha mais forças para pedir
ajuda. A ação dela não foi certa, nem errada, foi desesperada. Acho que foi um
pedido de ajuda que, depois que fosse percebido, não poderia servir para ajudar
mais ninguém, porque ninguém mais estava lá.
Alguns
criticam o final, o que acho estranho, já que o final acontece, na verdade, no
começo do livro. E me senti, de certa forma, leve depois da última página,
porque percebi que as fitas não foram em vão.
Achei
muito legal da parte do autor se dedicar tanto. Não só na escrita do livro em
si, mas na preocupação pelos outros que passam pelo mesmo problema de Hannah.
Essa preocupação é evidente nas respostas das treze perguntas que fizeram a
ele. E, não sei como é na edição original, mas no meu há uma lista de telefones
e endereços úteis para quem se identificar com os sintomas de Hannah, e achei
isso realmente muito legal.
Enfim,
Os Treze Porquês é um livro para nos abrir os olhos e fazer pensar. Como já
disse, devia ser lido por todos, suicídio é um livro que não pode mais ficar
escondido. Talvez não abra os olhos de todos – como, infelizmente, eu percebi
na minha sala na escola –, mas abre uma nova percepção de vida para quem
realmente se abre para isso, e acho que muitas coisas ruins podiam ser evitadas
caso todos a tivessem.
Nota: 5 estrelas
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