19 maio 2013

Os 13 Porquês - Jay Asher


Editora: Ática    ISBN: 9788508126651
Ano: 2009         Páginas: 256 
Para Clay Jensen, as fitas cassete gravadas por Hannah Baker não têm nada a ver com ele. Hannah está morta. E seus segredos devem ser enterrados com ela. Só que a voz de Hannah diz a Clay que o nome dele está em uma das histórias dessas fitas – e que ele, de alguma maneira, é responsável por sua morte. Tomado por espanto, angústia e muito medo, Clay permanece escutando as gravações madrugada afora. Ele segue as palavras de Hannah pelas silenciosas ruas de sua cidade... ... e o que ele descobre, muda sua vida para sempre.
 O que era para ser só mais um dia normal, acaba se transformando no dia que mudou tudo na vida de Clay Jensen, que encontra uma caixa misteriosa na porta da sua casa, sem remetente, sem identificação. Ao abri-la, vê apenas sete fitas cassetes marcadas com ‘A’ e ‘B’ em cada lado. Curioso para saber do que se trata, decide ouvi-las, e se assusta ao perceber que, a voz do outro lado, é a voz de Hannah Baker – colega de classe que tinha se suicidado há duas semanas – e ela está lá para contar os treze motivos que a levaram a se matar. Agora, Clay ouvirá fita por fita até descobrir qual sua contribuição para o suicídio da colega, e acaba descobrindo bem mais do que gostaria.




— E aí, o que tá pegando, Clay?
Repito suas palavras dentro da minha cabeça. O que tá pegando? O que tá pegando? Ah, já que você perguntou, recebi um pacote de fitas cassete pelo correio hoje, de uma garota que se matou. Parece que eu tive alguma coisa a ver com isso. Não tenho certeza que coisa é essa, por isso fiquei imaginando se poderia pegar seu walkman emprestado para descobrir. — Nada demais — respondo.


 Ok, eu li esse livro há um tempo, mas só consegui escrever agora por dois motivos. Um deles é a escola. O outro – e o que é realmente relacionado ao livro – é que esse livro precisa de um tempo pra ser digerido. Depois que acabei de lê-lo, fiquei um tempo sem saber o que fazer, além de, por um lado, ter me sentido como se tivesse falhado em alguma coisa, e vocês vão entender o porquê.
 Só para começar, Hannah é uma personagem incrível, cheia de sentimento e reflexões. Na maior parte do tempo, eu me esquecia de que ela já estava morta, e, quando eu lembrava, era horrível. Os comentários dela – que carregavam bastante humor negro e sarcasmo – nos lembrava o tempo todo do que tinha acontecido com ela.

“Eu prometo. Afinal, uma garota morta não mentiria.
Espera aí! Isso está parecendo uma piada. 
Por que uma garota morta não mentiria? 

Resposta: porque ela não pode mais falar!”

 Clay é outra personagem apaixonante, mas é uma pena que ele tenha que sofrer tanto. Sinceramente, queria que ele existisse de verdade e que fosse meu amigo. Ele é uma pessoa tão... Tão boa e pura de um jeito estranho. E seu jeito de contar as coisas é diferente, não sei, mas não dá para não gostar de Clay. Como a própria Hannah diz, ele é o tipo de pessoa que nos instiga a procurar algum defeito, porque ninguém pode ser tão perfeito.
 Quanto aos outros personagens, não posso dizer muito sobre eles. Na minha opinião, algumas coisas que eles fizeram, foram infantis, impensadas e egoístas. Mas não posso basear toda minha opinião sobre eles com os relatos de Hannah, uma vez que só vemos a perspectiva dela, não temos a história dos dois lados, a não ser no caso de Clay.
 O livro é cativante e cheio de suspense, o que o torna impossível de ser largado antes de ler a última página. Mesmo depois de descobrir todos os motivos, me senti numa necessidade louca de descobrir como Clay estaria depois de descobrir sua contribuição com o suicídio. É mais do que lógico que uma coisa dessas mudaria a vida de todos que ouvissem, e até agora fico repensando a ação de Hannah. Não só o suicídio em si, essa é outra coisa que vou comentar mais tarde, mas as fitas. Nelas, podemos ver o quão importantes somos na vida dos outros, e como as ações dos outros refletem nas nossas ações. Como tudo pode virar uma bola de neve incontrolável, e como uma coisa que fizemos, pode ser a gota d’água para alguém.  As fitas foram um bom jeito de todos que a receberam perceberem isso, de abrirem os olhos para o que estava em volta deles. Mas, sinceramente, acho que tudo podia ter sido feito de outro jeito, e não consigo decidir se acho a ação de Hannah certa ou errada. Talvez não exista certo ou errado nessa situação.
 Esse livro passa uma grande lição para nós, e devia ser lido por todos. Depois de ler o livro, comecei a tentar prestar mais atenção nos outros, prestar atenção no que eu mesma fazia. Acho que, a maioria das pessoas que o leu, começou a se perguntar: será que isso que estou fazendo vai resultar em algo maior? Não que devemos nos prender nas nossas ações, nos prendermos, ficarmos fissurados no futuro. Mas realmente repensar nossos atos, o que estamos fazendo, o que podemos fazer melhor. Me senti uma pessoa um pouco melhor depois de Os 13 Porquês, como se pudesse mudar o rumo de alguma coisa só por pensar um pouco mais antes de fazer qualquer coisa. Com certeza, as fitas me atingiram também.

E quando estragam uma parte da vida de uma pessoa, não estão estragando apenas aquela parte. Infelizmente, não da para ser tão preciso ou seletivo. Quando você estraga parte da vida de alguém, você estraga a vida toda dessa pessoa.

 Vou dizer o motivo do porquê eu achar que falhei: Hannah se suicidou. Ela fez aquilo, e me perguntava por que não fiz nada para impedir, mesmo sabendo que nunca ocorreria, me esquecendo de que ela era uma personagem de um livro que eu estava lendo, nada mais, mesmo parecendo ser bem diferente. Durante todo o livro, me sentia uma personagem acompanhando tudo, e sentia como se não tivesse feito nada proativo. Queria ter podido salvar Hannah, voltar no tempo e pedir para ela não engolir as pílulas. O livro passa uma certa sensação de sufoco quando o leitor percebe que não pode fazer mais nada para mudar o rumo das coisas.

 Você não pode interromper o futuro, nem modificar o passado. O único jeito de descobrir este segredo é apertando play.

 O tema suicídio é tratado sem sutileza nenhuma, como dizem, é um tapa na cara da sociedade, o que foi levemente ousado da parte do autor, já que muitos preferem fazer vista grossa em relação a esse assunto, e fingir que não está lá. Mas ele precisa ser falado. Todos precisam entender mais sobre isso, saber lidar, não fazer piada. Em vários momentos, me identifiquei muito com ela, com suas reflexões e questionamentos, e não sabia se devia me assustar ou não. Fiquei até com medo de algum dia ficar com ela, chegar até certo ponto em que eu não consiga mais falar sobre mim mesma e meus problemas para os outros, para ver se tudo é amenizado. Porque, apesar de tudo, esse é o maior conflito: a comunicação. Hannah estava desesperada, não se sentia compreendida e, apesar de achar que estava gritando seus problemas para o mundo, não conseguia falar nada com ninguém, e ninguém fazia o mínimo esforço para perceber. Talvez, se tivessem prestado mais atenção, as coisas realmente não teriam acontecido. Não estava na cara, mas estava lá, e era óbvio que ela precisava de ajuda.
 Vi, em muitas resenhas, pessoas com raiva de Hannah, dizendo que ela fez tempestade num copo d’água, que ela fez errado. Não estou aqui para julgar a opinião dos outros, o que Hannah fez, nem para dizer se ela poderia pedir mais ajuda ou não, mas ela estava desesperada e perdida, sem saber mais o que fazer, nem a quem recorrer. Estava tão desgastada, que não tinha mais forças para pedir ajuda. A ação dela não foi certa, nem errada, foi desesperada. Acho que foi um pedido de ajuda que, depois que fosse percebido, não poderia servir para ajudar mais ninguém, porque ninguém mais estava lá.
 Alguns criticam o final, o que acho estranho, já que o final acontece, na verdade, no começo do livro. E me senti, de certa forma, leve depois da última página, porque percebi que as fitas não foram em vão.
 Achei muito legal da parte do autor se dedicar tanto. Não só na escrita do livro em si, mas na preocupação pelos outros que passam pelo mesmo problema de Hannah. Essa preocupação é evidente nas respostas das treze perguntas que fizeram a ele. E, não sei como é na edição original, mas no meu há uma lista de telefones e endereços úteis para quem se identificar com os sintomas de Hannah, e achei isso realmente muito legal.
 Enfim, Os Treze Porquês é um livro para nos abrir os olhos e fazer pensar. Como já disse, devia ser lido por todos, suicídio é um livro que não pode mais ficar escondido. Talvez não abra os olhos de todos – como, infelizmente, eu percebi na minha sala na escola –, mas abre uma nova percepção de vida para quem realmente se abre para isso, e acho que muitas coisas ruins podiam ser evitadas caso todos a tivessem.

Nota: 5 estrelas

Sem comentários:

Enviar um comentário